GREEN KNIGHT


Este Blog destina-se à partilha da vida e de algumas experiências que vou partilhando com os amigos que aqui resolvam entrar e deixar o seu rasto. São todos bem-vindos e espero que gostem das coisas que vou postando, dentro das minhas possibilidades.Gostaria que este Blog fosse mesmo um campo de papoilas, em que possamos trotar felizes. E conto com as vossas agradáveis visitas! Um abraço a todos!







quarta-feira, 8 de junho de 2011

A LITTLE BIT KID

HOTEL CONDESTÁVEL (PLAZA)
Deambulando pelo meio dos convidados não perdia o ensejo de acender o cigarro de quem dele puxasse ou ter alguma das minhas já muito técnicas atenções.
Fui alvo de alguma atenção por parte do Sr. Lino, que era gerente do Hotel Condestável e em conversa com os donos da casa penso que foi ali feita a minha transferência para este novo local.
Se uma escala houvesse, que pudesse medir as diferenças de ambiente de trabalho, essa era abismal.
A formação através de algumas palestras, deu-me a entender de que a nossa disciplina era similar à dos pupilos do Exército, de seguida contactei uma professora inglesa, que me dava aulas de inglês e na pontualidade, a sua austeridade era impressionante, acho que naquela altura não gostava muito dela.
Entrei facilmente no funcionamento do que me era devido fazer, recebi muitas indicações do Sr. Gaspar da portaria e em pouco tempo tornei-me no “groom“ que mais dinheiro ganhava com os turistas.
Desenvolvi alguns truques e comecei a seleccionar certos táxis para a chamada “volta saloia”; Mafra, Ericeira, Batalha, Fátima, etc., estes trabalhos para os taxistas eram bons, porque fora da cidade podiam trabalhar ao km, o que era vantajoso.
Nas minhas horas de folga também fazia de cicerone a quem, com prévia combinação no Hotel, o pretendesse e era meu hábito oferecer-me para esses passeios a meio da tarde, nas horas de folga, sempre desenvolvia alguma conversação com outras línguas e culturas, também aconselhava alguns espectáculos e nalgumas casas de fado davam-me gratificação pela indicação prévia.
O negócio com os táxis era um compromisso de palavra com o taxista, se este se esquecesse do combinado não usufruía de mais serviços meus.
De um modo geral eram cumpridores
Quando os táxis faziam fila, nós levávamos o cliente para o táxi que entendêssemos, podia ser o primeiro ou o último, mas só na fila junto ao hotel e quando vínhamos procurar na praça também éramos selectivos, às vezes até só por ser um modelo mais bonito de carro.
Cheguei a receber de gratificação só de um cliente, em dólares, o que um chefe de família especializado não ganhava num mês de trabalho, as técnicas de acender cigarros não eram de todo iguais.
Havia o cigarro simples, a canilha, o cachimbo e o puro charuto, sem falar nas cigarrilhas e eu tinha sempre vários tipos de fósforos para estas operações, até tinha uma lixa colada na parte inferior do sapato para acender a um tipo específico de cliente americano, que delirava e se sentia em casa quando passávamos o fósforo pelo sapato, com um inglês sofisticado isto nunca era possível.
Também tinha crédito numa tabacaria ali perto e podia ter qualquer marca e qualquer quantidade de tabaco em meu poder para as emergências.
Quando algum autocarro estava de partida, da Méliá ou de outras agências, eu esperava que tudo já estivesse pronto para partir, então eu trazia uma malinha aberta com todas as marcas estrangeiras de tabaco que se consumiam.
Entrava à pressa no autocarro e quem fumava comprava e não queria troco e os que não fumavam compensavam-me pela graça e por alguma atenção, que lhes tinha dispensado durante a sua estadia.
Ao sair pela porta de trás havia muita nota amarrotada e de vários países, que eu depois cambiava sem muita preocupação, confesso.

continua





1 comentário:

SEVE disse...

Mais uma pérola; obrigado JRom por estes belos "recuerdos".

Lá está "a escola difícil torna a vida fácil."