GREEN KNIGHT
Este Blog destina-se à partilha da vida e de algumas experiências que vou partilhando com os amigos que aqui resolvam entrar e deixar o seu rasto. São todos bem-vindos e espero que gostem das coisas que vou postando, dentro das minhas possibilidades.Gostaria que este Blog fosse mesmo um campo de papoilas, em que possamos trotar felizes. E conto com as vossas agradáveis visitas! Um abraço a todos!
sexta-feira, 10 de junho de 2011
DIA DE PORTUGAL
Pensar o Meu País
Pensar o meu país. De repente toda a gente se pôs a um canto a meditar o país. Nunca o tínhamos pensado, pensáramos apenas os que o governavam sem pensar. E de súbito foi isto. Mas para se chegar ao país tem de se atravessar o espesso nevoeiro da mediocralhada que o infestou. Será que a democracia exige a mediocridade? Mas os povos civilizados dizem que não. Nós é que temos um estilo de ser medíocres. Não é questão de se ser ignorante, incompetente e tudo o mais que se pode acrescentar ao estado em bruto. Não é questão de se ser estúpido. Temos saber, temos inteligência. A questão é só a do equilíbrio e harmonia, a questão é a do bom senso. Há um modo profundo de se ser que fica vivo por baixo de todas as cataplasmas de verniz que se lhe aplicarem. Há um modo de se ser grosseiro, sem ao menos se ter o rasgo de assumir a grosseria. E o resultado é o ridículo, a fífia, a «fuga do pé para o chinelo». O Espanhol é um «bárbaro», mas assume a barbaridade. Nós somos uns campónios com a obsessão de parecermos civilizados. O Francês é um ser artificioso, mas que vive dentro do artifício. O Alemão é uma broca ou um parafuso, mas que tem o feitio de uma broca ou de um parafuso. O Italiano é um histérico, mas que se investe da sua condição no parlapatar barato, na gritaria. O Inglês é um sujeito grave de coco, mas que assume a gravidade e o ridículo que vier nela. Nós somos sobretudo ridículos porque o não queremos parecer. A politiqueirada portuguesa é uma gentalha execranda, parlapatona, intriguista, charlatã, exibicionista, fanfarrona, de um empertigamento patarreco — e tocante de candura. Deus. É pois isto a democracia?
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 2'
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6 comentários:
Nem de propósito, "CONTA CORRENTE" é um livro (aliás creio que são cinco volumes)imperdível (imperdíveis) pois passa em revista mais de meio século da vida portuguesa (do século XX). Vergílio Ferreira é mais um dos grandes escritores portugueses que ninguém lê, como tantos e tantos outros....para quê ler escritores portugueses, são uns chatos....então não temos a VIP, a CARAS, a GENTE que é literatura muito mais rica......
Vergilio Ferreira é um escritor submerso. Em todas as manhãs, em todas as tardes, em todas as noites.
Este escritor percorreu uma parte importante da sua vida na mesma casa que eu também partilhei. Daí sairam muitas manhãs.
Abraço amigo Zé
Kim
Grande escritor!
Um dos meus preferidos.
Beijinho,
Caro amigo Zé,
Ouvi dizer que fazias anos ontem ...
Desculpa o atraso e permitas-me de deixar um grande beijinho de parabéns !
Verdinha
"SER FELIZ". E todavia, nunca se é feliz. Ou se foi ou se espera vir a ser. "SER FELIZ" só se conjuga no passado ou no futuro.
(Conta-Corrente 1; de Vergílio Ferreira)
Calão! E não digo mais nada, porque este calor torna-me estúpida.
Beijo
Maria
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